História de desencantar

Numa das minhas deslocações ao Restaurante M’haelma onde sou frequentador regular para amena cavaqueira com os amigos, dou por mim a olhar para o horizonte e a notar que algo de diferente estava a ver, concentrando-me mais um pouco reparei que as canas da vala tinham sido cortadas, bom trabalho pensei, é no Verão que se prepara o Inverno, não vá aparecer por ai as cheias, e levado pela curiosidade desloquei-me até junto das mesmas, …

…olhei para um lado e novamente pensei, bom trabalho, olho para o outro lado e…, reparo numa coisa ainda mais extraordinária, nos tempos que correm em que as secas assolam o País e nós aqui com uma vala com água corrente, espectacular, mas verifico que a uma ponta da vala junto à ponte ainda havia algumas canas, …

… deslocando-me para lá ia falando com os meus botões e dizendo como seria belo nós estarmos em cima da ponte e vermos toda esta vala cheia de água correndo direitinha ao rio, e chegando à ponte, junto ás canas, começo a ouvir um som, um som de água a correr mas um som característico, que nos enche a alma, um som de água a correr quando sai em cascata de uma fonte, fiquei impressionado, como é que uma coisa daquelas me tinha escapado, uma vala cheia de água e uma fonte, vejam bem, uma fonte ali junto à ponte que separa os Brejos Faria da Vila Verde, em Alhos Vedros, …

…estou estupefacto, não tenho palavras é então que decido investigar, e começo a desbravar mato, mato não é bem o termo, é mais silvas, bem grandes e enroladas ás canas, mas depois de algum sacrifício lá fui conseguindo avançar, aos poucos e com o coração a palpitar eu estava completamente deslumbrado, quando chego junto da “Fonte” apenas conseguia ouvir o som da água pois ela estava completamente coberta de trepadeiras e silvas num grande emaranhado, mas com calma e paciência lá as fui desviando, até que … CONSEGUI visualizar aquela água, não tenho palavras, o coração caiu-me aos pés como é possível, fiquei estupefacto, tudo aquilo que eu tinha pensado momentos antes tinha caído por terra, afinal, aquilo que eu pensava ser uma fonte, era SÓ O ESGOTO DA VILA VERDE A CORRER CÉU ABERTO PARA O RIO.

Fui bem enganado, como é que pude ser tão ingénuo, e deixar-me enganar assim.
Conclusão: Nem sempre aquilo que parece é.
Olha bem, porque quando pensas que estás a olhar para Deus, podes estar a olhar para Judas.

Porque gostamos de morar aqui ! queremos acabar com isto.

FS